Ruas

por Câmara Municipal da Campanha publicado 16/10/2018 13h40, última modificação 02/04/2019 15h53

Seguem o urbanismo medieval português e mourisco, isto é o curso das ruas explora o relevo, sendo irregulares de largura variável, com cordoamento não planejado, sobem ladeiras íngremes. As ruas ligavam pontos de interesses: largos, igrejas e comércio.

Em fins do século XVIII novos planejamentos surgem, inclusive do plano em xadrez que às vezes deixa ruas impraticáveis tal a inclinação. Era importante não ter verde para contrastar com o rural. Eram de terra batida, pedra e hoje paralelepípedo. No século XIX, dá-se início à arborização dos espaços públicos e afastamentos das casas dos limites dos lotes ganhando jardins frontais. No século XX a tendência é um planejamento de uma estrutura com jardins.

Em Campanha aparecem as ruas com nomes característicos dos séculos passados, como:

- Rua Direita: Chamava-se Rua Direita por levar direto de um lugar a outro. Teve o nome de Saldanha Marinho e hoje Rua Saturnino de Oliveira.

- Rua do Fogo: Chamava-se assim por ser o lugar onde os escravos buscavam os braseiros para acender os seus fogões a lenha. No final da rua existia uma grande fogueira e todos que por ela passavam eram obrigados a atirar lenha para alimentar a fogueira e mantê-la sempre acesa. Recebeu depois o nome de Rua Princesa Izabel e atualmente Rua Dr. Brandão.

- Rua do Comércio: Destinada ao comércio, pois ali existia um antigo mercado da cidade. Passou a chamar Rua Conde D’Eu, mais tarde Rua Tiradentes, Rua Cândido Ferreira, atualmente Rua Vital Brazil.

- Rua das Almas: Atual Rua Santa Cruz. Inicia-se após a ponte de pedras chamada “Ponte das Almas”, com arco romano sobre o Rio Santo Antônio no Largo da Estação. A rua levava direto à capela que se encontrava no local chamado Árvores Bonitas. Costumava-se sempre lá celebrar missas dedicadas às almas do purgatório.

- Rua da Prata: Totalmente em pedra bruta escolhida. O centro era mais baixo que as laterais, o que facilitava o escoamento das águas pluviais. Atualmente Rua Perdigão Malheiro, jurista campanhense.

- Rua do Hospício: Atual Rua Bernardo da Veiga. Era a rua das rancharias e hospedarias, hospitais, hospícios. Do latim, hospitium, significa hospitaleiro. São na realidade modificações dos antigos mosteiros medievais. Foram sempre as irmandades e ordens terceiras que cumpriram o papel de velar pela saúde pública. Eram casas religiosas que recebiam peregrinos em viagem, sem retribuição. Hoje corresponderiam aos hospitais e albergues. Recolhiam órfãos, velhos, loucos, doentes. Quase todos os seus prédios datavam da segunda metade do século XVIII.

- Rua da Forca: Assim chamada pois no final da rua existia uma forca. Nela foram feitos enforcamentos sendo o último narrado em livro de Francisco Paula Ferreira de Rezende “Minhas Recordações”. O réu só conseguiu ser enforcado na terceira tentativa, pois a corda sempre arrebentava. Por fim, o carrasco subiu em seu ombro conseguindo, assim, o seu estrangulamento. Era feito um grande cortejo que passava por todas as ruas da cidade, indo à frente o réu, o padre, o carrasco e um surdo que batia chamando a atenção dos moradores. Atrás acompanhavam todos os moradores adultos. As mulheres não tinham participação nessa cerimônia. Hoje a Rua tem o nome de Alexandre Stockler.

- Rua do Bonde: Sua origem era a linha do bondinho que vinha de São Gonçalo do Sapucaí até o Largo da Estação. Hoje o seu nome é Rua Evaristo da Veiga.

- Rua do Chafariz: Chamava-se assim por causa do Chafariz construído em 1853, que tinha a finalidade de abastecer a população local e principalmente os tropeiros que comercializavam em troca de ouro. Teve várias denominações: Rua da Máquina de Algodão, Beco do Chafariz e hoje Rua Dr. Cesarino.

- Travessa da Aurora com Ladeira da Fonte: Lugar onde a população buscava água para suas casas no Bairro Xororó.

- Rua da Misericórdia: Assim chamada pois no final dela se encontrava a Santa Casa de Misericórdia, uma das primeiras Santas Casas de Minas Gerais e a primeira do Sul de Minas. Passou depois a chamar Rua Marechal Deodoro, Marechal Hermes, Benedito Valadares e hoje Av. Ministro Alfredo Valadão e Des. João Braúlio Moinhos de Vilhena.

 

Fonte de Pesquisa: Inventário de Proteção do Acervo Cultural (IPAC) de Campanha MG - Ano de 2001.